Por Joana Vieira
Abri a página do Yahoo hoje cedo e não me contive diante da manchete sobre o depoimento de Miryan Rios na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Um discurso de mãe, mulher e deputada que indignou a muitos e felicitou a milhares também. Não sei que onda é essa que vem como um tsunami arrastando polêmicas e divergências sobre o tema homossexualidade. Ninguém mais discute outra coisa nesse país senão isso. É como se o assunto fosse obrigatório e o tema fosse uma imposição. Ninguém é moderno se não entender sobre opção sexual. É crime ser preconceituoso. É homofobia não falar sobre o assunto. Ser homo agora é uma tendência e quem não ousar um tom mais colorido está brega e fora de moda. Que absurdo! Ligamos a TV e em todos os canais, as novelas, os filmes, os jornais, os programas e propagandas só falam nisso. A polêmica se estende para todos os lados e reverbera por todos os cantos: das portas das casas mais religiosas às famílias menos sólidas; do boteco do seu João à padaria do português. É o primeiro beijo gay, o Kit gay, a cartilha gay, o casamento gay, a parada gay, a liberdade sexual, a opção sexual, a educação sexual... Pra quê tanto bafafá? Eu, sinceramente, não estou entendendo. Se a presidente Dilma cancela a entrega do Kit anti homofobia é preconceituosa. Se a escola acata a ordem é discriminação. Se a igreja se pronuncia é exacerbada. Se a Assembleia não vota a favor da PEC não sei das quantas é porque a casa está minada de gente fervorosamente homofóbica. Ninguém mais neste país pode ser contra a homossexualidade que o negócio vira guerra travada às claras com direito a ofensas e até mesmo agressões. Presidência de um lado, sociedade do outro; é igreja num canto e comunidade GLBT do outro. Fogo do inferno para uns, portas do céu para outros. Não lembro a quem Deus deu autoridade de decidir por Ele. Ali entre pedras e revoltosos quem pensou que Cristo daria a mão à Madalena. Esse mesmo Deus será capaz de negar o perdão ao homossexual? É isso que realmente está em jogo?
Negros e índios, pobres e religiosos, emos e roqueiros, ciganos e judeus são perseguidos há anos e a discussão não deu um terço de toda essa polêmica. O holocausto se fez, a perseguição religiosa étnica e cultural é foco de guerras bélicas e civis há séculos. A intolerância com as diferenças ilustram os livros didáticos e marcaram a história da humanidade para sempre e a sociedade ainda não aprendeu a discutir, ou mesmo entender, que o preconceito, seja ele de qualquer espécie, é burrice e que ninguém é absolutamente manobrável por este ou aquele padrão. Mulheres são assassinadas todos os dias por maridos rudes e parceiros machistas. Meninos são violentados diariamente em becos ou esquinas ou mesmo dentro da própria casa. Meninas são estupradas. Mendigos são jogados de pontes em sacos plásticos ou são mortos a pauladas. Torcedores são linchados na saída dos estádios constantemente. Pobres ainda são margeados e negros, esses então... coitados. O Brasil é um país de intransigências. Não somos tolerantes e nunca resolveremos o problema das minorias com seriedade enquanto pautarmos a solução como sendo um caso entre partes opostas: o alvo e o atirador. Como se ambos não dividissem o mesmo espaço e comungassem dos mesmos direitos e deveres. E agora só se fala em homofobia. Como se esse fosse o único problema do nosso país. Sou homossexual e não tenho visto com bons olhos essa polêmica toda. Daqui a pouco ser hetero é que será um problema. Imagino mesmo que daqui a alguns anos as pessoas sofrerão perseguição porque não são gays, pois o assunto tem sido tratado sem qualquer responsabilidade e como se fosse uma obrigação dizer ao seu filho que ele pode ser sim homossexual, mas não porque ele sente essa orientação, mas porque é fashion, está na moda, está na mídia. Que absurdo.
Fala-se tanto em liberdade e agora ser ou não ser gay virou um rótulo quase que obrigatório. Ser livre não é isso, gente! Ser livre é poder ter o direito à escolha, mas o que é dito por todos os cantos é que ser gay é lindo, é melhor, é chique... Quem disse? As pessoas pregam uma felicidade irreal, uma identidade forjada tentando fingir que todos nós, lésbicas e afins, somos lindos, independentes e mortos de felizes. Mentira! Todo esse glamour que se vê na televisão e nas boates não dura o tempo todo não. Somos felizes como qualquer casal hetero pode ser, basta que se amem, que se respeitem, que se ajudem.
Sou casada com uma mulher há três anos, sou mãe e educadora e não acho correto sair por aí vendendo uma orientação que é inerente a nossa escolha como se fosse um estilo, puro modismo. Sou gay, mas sou contra essa propaganda toda que vende a homossexualidade como produto de grife em promoção - como se resolver o problema dos gays fosse a prioridade desse país. Não é. Não é mesmo. É preciso sim discutir, é preciso sim lutar pela causa, mas não dessa forma. A família, moderna ou tradicional, precisa ser preservada. O livre arbítrio deve ser respeitado. E o discernimento é um direito dado e ensinado para que possamos distinguir entre esse lado e o outro existente. A mídia e a sociedade colorida querem educar os meninos para que sintam orgulho em ser gay. Está errado. Precisamos ensinar a eles a terem orgulho em ser honesto, por ter uma profissão e ser uma pessoa do bem, ser gay é um detalhe, uma consequência - e não o fim – da orientação sexual de cada um.
É o que digo a minha filha. Estude, eduque-se, lute por seus sonhos, o resto, a mamãe aceita com o coração cheio de amor. Quero que ela seja médica, ou farmacêutica, ou psicóloga, professora... depois, se além disso, ela “decidir” ser lésbica, tanto faz. Pouco importa. Estudei pra isso, pra que ela tivesse orgulho de mim porque sou esclarecida, trabalhadora, educadora, inteligente e não porque sou lésbica. Ser lésbica não é a minha marca, o meu rótulo, o meu preço, o meu lado fashion. Ser lésbica é a forma de viver um amor que mais me faz feliz, que me completa e me alicerça.
Sou professora, mãe e lésbica sim, mas respeito a opinião alheia que não entende ou aceita a minha orientação, afinal, eu também não aceito o comportamento de muita gente, sou contra a todos esses escândalos nas Assembléias e Câmaras, sou literalmente contra a pedofilia e exageradamente preconceituosa em relação à banda podre da política do meu país e aos seus políticos bandidos e engravatados. Sou contra a fome, abomino a miséria, sinto dor pelas crianças que cheiram cola nas ruas, sou contra a violência doméstica, o desmatamento da Amazônia, a falta de qualidade da educação brasileira e as condições em que se encontra o nosso sistema de saúde que é para poucos quando deveria ser para todos. E só por isso escrevo esse texto, para dizer que têm muitas outras discussões a serem resolvidas urgentes. Quando o governo perceber isso e tratar de oferecer os serviços com qualidade e produzir uma mudança drástica na educação, vai ver que homofobia não se cura com incisos e parágrafos na Constituição. Quando realmente resolvermos as deficiências na oferta da educação, o país inteiro vai sentir que não é de kit gay que precisamos - muito menos de leis, emendas ou medidas provisórias. O que realmente falta é escola com coração de escola. O que falta é professores com jeito de educadores, profissionais que possam mudar a qualidade e a maneira de pensar e agir com responsabilidade e amor.
Amor e educação de qualidade,é isso que falta. O resto a gente aprende a respeitar com o tempo. Mudando a escola, fecharemos presídios e abriremos os milhares de corações de brasileiros - sejam eles, brancos, pardos ou coloridos. Só a educação transforma e só o amor é capaz de perpetuar a espécie. Preconceito é coisa de gente que não sabe amar, só isso.
"AMAI-VOS UNS AOS OUTROS..." E QUE DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS...
fonte: http://www.joanavieirapontocom.com/
Um comentário:
O que eu acho interessante é que depois de mais de 20 anos que esta proposta de divisão do Pará foi para avaliação, somente agora, o povo se torna "ciente da situação".
Com certeza a melhoria na vida da população da cidade e do interior é o que menos interessa para os amantes da divisão!
http://www.oquedeustemfeitoemtuavida.net/2011/07/discurso-separatista-do-para-e.html
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