CAIRO - O choque entre manifestantes de oposição e partidários do presidente do Egito, Hosni Mubarak, nas ruas do Cairo deixou ao menos 600 feridos e um morto, segundo o Ministério da Saúde. O presidente anunciou, na noite de terça-feira, que não concorrerá a um novo mandato nas eleições de setembro - o que poria fim a 30 anos de poder - mas os protestos continuaram.
Manifestantes pró e contra Mubarak não atenderam ao pedido do Exército para que restaurassem a normalidade no Egito, e se enfrentam com paus e pedras desde o início da tarde (fim da manhã no horário de Brasília), quando os dois grupos realizavam atos na mesma região da capital. No início da noite, coquetéis molotov foram lançados no local. A TV estatal transmite uma ordem para que todos deixem a Praça Tahrir, palco dos confrontos mais violentos.
O Egito rejeitou nesta quarta-feira os pedidos da comunidade internacional para uma transição imediata de poder, mas, segundo funcionários do governo americano, já há debates entre pessoas próximas ao ditador sobre possíveis concessões à oposição.
"Rejeitamos os pedidos dos governos estrangeiros para um período de transição iniciado imediatamente' no Egito", disse em comunicado o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Hossam Zaki, afirmando que tais pedidos "buscam inflamar a situação interna no Egito".
Fernando Duarte relata o caos em tempo real. Acompanhe
Enviado do Globo: polícia secreta ajuda manifestantes pró-Mubarak (Ouça)
Veja mais imagens do confronto entre manifestantes no Cairo
Partidos opositores falam em negociar com ditador
O líder da oposição, Mohamed ElBaradei, pediu que o Exército intervenha e proteja a população. Partidários de Mubarak romperam um cordão da oposição na Praça Tahrir, ponto principal das manifestações anti-Mubarak que atraíram centenas de milhares de pessoas no dia anterior.
Quando os seguidores de Mubarak rasgaram cartazes que denunciavam o líder do governo, se deu o confronto. Várias pessoas foram flagradas quebrando o chão da praça para se armar com pedras. Segundo a al-Jazeera, os manifestantes pró-governo usam roupas civis e coletes à prova de bala.
O confronto entre manifestantes no Cairo - AP
Imagens da CNN mostraram manifestantes a cavalo cruzando uma multidão de oposicionistas. Dois deles foram derrubados e agredidos violentamente. Camelos também estão sendo usados para abrir caminho entre a massa de manifestantes.
Já os líderes da oposição, incluindo o Nobel da Paz Mohamed ElBaradei e o grupo radical Irmandade Muçulmana, afirmam que só negociam depois que Mubarak abandonar o poder. No discurso de terça-feira, entretanto, o ditador disse que o seu governo sobreviverá até setembro, mas que encaminhará a transição de forma pacífica.
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/02/02/manifestantes-da-oposicao-seguidores-de-mubarak-entram-em-choque
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